Marcas já não ignoram o maior grupo étnico-racial no país, cujos clientes demandam tratamentos e fórmulas especiais para evitar manchas e traumas
Uma revolução silenciosa. É assim que a biomédica e esteticista Cristiane Boneta define a transformação do mercado de estética e beleza negra no Brasil. “Há dez anos, falar de estética voltada para pele negra era raro, um tema quase inexistente nos grandes congressos. Hoje, temos pautas específicas, tecnologias sendo adaptadas, produtos nascendo para esse público e, o mais importante: profissionais negros ocupando o lugar de fala”, comenta a especialista, pioneira no assunto, que a levou da Baixada Fluminense aos palcos internacionais. “O mercado entendeu que não é mais possível ignorar a potência da estética negra.”
O fenômeno é global. Segundo um estudo da empresa de pesquisa de mercado InsideAce Analytic, esse mercado é avaliado em US$ 9,2 bilhões e deve crescer a uma taxa anual composta de 13,2% até alcançar US$ 31,6 bilhões em 2034. Esse índice é mais do que o dobro daquele projetado para produtos de beleza em geral.
Nesse universo, no Brasil as maiores tendências estão ligadas à personalização dos protocolos, respeitando as necessidades específicas da pele negra e miscigenada, diz Boneta. “Hoje vemos um movimento forte de tecnologias não ablativas, como lasers de baixa potência e fotobiomodulação, além de ativos inteligentes que uniformizam a pele sem agredir. Outra grande tendência é o skincare funcional e inclusivo, com fórmulas pensadas para a pele negra e miscigenada desde o desenvolvimento, não apenas adaptadas. E, claro, o protagonismo da estética preta, com profissionais negros liderando pesquisas, congressos e formando outros especialistas”.
Recuperando a autoestima
Para Boneta, a boa formação para atender o público negro é fundamental. Entre os principais serviços procurados estão a eliminação de manchas causadas por acne, foliculite e depilação. Mas até mesmo traumas emocionais podem se refletir na pele. E procedimentos mal realizados também podem causar manchas e traumas. “Muitas pacientes chegam desacreditadas, depois de passarem por procedimentos mal feitos ou com resultados frustrantes. O grande desejo delas é se olhar no espelho e se reconhecer, recuperar a autoestima e ter uma pele bonita, mas com saúde. E isso é muito profundo”.
Os homens negros também estão mais vaidosos, de acordo com a especialista. “O público é majoritariamente feminino, mas os homens têm chegado com mais força, principalmente nos últimos dois anos. Homens negros, principalmente, estão buscando autoestima, cuidado com as manchas da barba, controle de oleosidade e rejuvenescimento natural. Eles querem resultado, mas sem exagero. Querem autocuidado sem perder a identidade”.
Apesar da tendência de crescimento, e um enorme mercado potencial, o segmento ainda precisa de reforço. Para a biomédica, três pilares devem ser atendidos. “Precisamos de mais formação específica, representatividade no mercado de trabalho e acesso. A maioria dos cursos ainda ensina protocolos genéricos, sem considerar as particularidades da pele negra. Também faltam produtos realmente pensados para nossa pele desde a formulação, e não apenas adaptados. E, por fim, falta acesso: tanto para quem quer cuidar da pele quanto para quem quer trabalhar com isso. É por isso que desenvolvo protocolos, capacitação profissional e projetos sociais, além de um programa de mentoria onde trabalho posicionamento de profissionais para romper essas barreiras.
Esses assuntos serão debatidos no 31º Congresso Científico Internacional de Estética (Congresso Estetika). No dia 03 de agosto, no São Paulo Expo, a mesa-redonda “Pele negra – beleza, cuidado e inovação” reunirá Boneta, a dermatologista Camila Rosa e a esteticista e especialista em pele negra Zarah Flor.
“Vamos falar também sobre empreendedorismo, sobre como transformar conhecimento em faturamento e mostrar como a estética pode ser uma ferramenta de cura, transformação e potência para nós, pessoas negras. Vai ser um momento para aprender, se inspirar e se posicionar melhor nesse mercado em franco crescimento, mas que precisa ser ocupado com consciência, técnica e propósito”, afirma Boneta.
O 31º Congresso Científico Internacional de Estética vai oferecer quatro dias de conteúdo técnico científico com palestras de 25 especialistas renomados no cenário nacional e internacional. A programação inclui palestras demonstrativas sobre temas como beleza natural após os 50 anos, limpeza de pele, gordura localizada, rejuvenescimento, medicina integrativa e peelings cosméticos. A curadoria educacional é de Maria de Fátima Lima Pereira, diretora da Esthetic Pro & Cosmetologia, esteticista, empresária, professora universitária e uma das profissionais mais respeitadas do setor em nível mundial. A organização é da GL events Exhibitions.
O Congresso Científico Estetika integra a programação do Estetika 2025, o mais importante evento na América Latina voltado aos profissionais da área de estética, saúde, beleza e bem-estar. O congresso reúne ainda a Feira Estetika, com a apresentação de novos produtos, equipamentos e serviços, além de workshops gratuitos, e os Simpósios Estetika, que oferecem imersão de um dia inteiro em temas do momento através de abordagens teóricas e demonstrações práticas.
Serviço:
Estetika 2025 | 31ª Feira e 31º Congresso Científico Internacional de Estética
Data: 31 de julho a 03 de agosto de 2025
Local: São Paulo Expo - São Paulo/SP
https://congressoestetika.com.br |
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