Na cidade de São Paulo, de 18 a 20 de setembro, acontece o Pancreas 2025: Pancreatic Cancer Research, Education & Assistance Symposium, primeiro evento multidisciplinar dedicado exclusivamente ao câncer de pâncreas. Reunindo mais de 150 especialistas do Brasil e do exterior, o encontro acontece junto a três congressos internacionais e discutirá soluções desde o diagnóstico precoce, inovação em cirurgia minimamente invasiva, terapias emergentes e políticas públicas em saúde
De 18 a 20 de setembro de 2025, a cidade de São Paulo será palco de um marco histórico na oncologia sobre um dos tumores mais agressivos e de difícil diagnóstico: o Pancreas 2025: Pancreatic Cancer Research, Education & Assistance Symposium, o primeiro evento global dedicado ao câncer de pâncreas sob uma perspectiva multidisciplinar. Realizado no Centro de Convenções Rebouças, o encontro reunirá renomados especialistas do Brasil, América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia para debater inovações em rastreamento, diagnóstico precoce, tratamento clínicos, cirurgia robótica, prevenção e pesquisa translacional, englobando toda a jornada do paciente com Câncer de Pâncreas, sem deixar de lado o paciente, representado pelo grupo de Advocacy mais importante no tema, o PanCan.
Idealizado e presidido pelo cirurgião oncológico Felipe José Fernández Coimbra, o simpósio se propõe a ir além do formato tradicional de congresso, conectando profissionais de diferentes áreas, da cirurgia à endoscopia, da patologia à oncogenética, passando por cuidados perioperatórios, inovação tecnológica e políticas públicas de saúde. “O câncer de pâncreas exige que trabalhemos de maneira integrada. Só assim conseguiremos mudar o cenário atual da doença, que ainda apresenta altas taxas de mortalidade”, afirma Coimbra. Para ele, o Pancreas 2025 “é um momento histórico para a oncologia e cirurgia HPB, porque conecta ciência, inovação e consenso global em torno do objetivo de transformar a realidade do paciente com câncer de pâncreas”, reforça.
Quatro eventos dentro de um único congresso
O Pancreas acontece em conjunto com três encontros de grande relevância internacional, compondo um mosaico científico inédito. Além do simpósio Pancreas,, serão realizados o XII Congresso Brasileiro de Cirurgia do Fígado, Pâncreas e Vias Biliares, o VI Congresso Latino-Americano de Cirurgia HPB e o The São Paulo International Consensus on Minimally Invasive Surgery for Pancreatic Cancer.
“O The São Paulo International Consensus reunirá especialistas de referência mundial em cirurgia pancreática, num encontro internacional e colaborativo, que vai debater e criar as principais diretrizes de Cirurgia Robótica e Laparoscópica para pacientes com câncer de pâncreas, de 2 tipos, o adenocarcinoma e os tumores neuroendócrinos. O resultado serão recomendações práticas para cirurgiões do mundo inteiro no tratamento de tumores pancreáticos”, explica Coimbra, ex-presidente da SBCO e da AHPBA.
Organizado pelo Dr. Felipe Coimbra, responsável pelo Grupo de Estudos do Câncer Digestivo (GECAD), numa parceria inédita com o Colégio Brasileiro de Cirurgia Hepato Pancreato Biliar (CBCHPB), International Hepato-Pancreato-Biliary Association (IHPBA) e a Americas HPB Association (AHPBA), o evento transformará São Paulo no epicentro da discussão global sobre tumores pancreáticos. No total, serão 21 convidados internacionais vindos de instituições de ponta nos Estados Unidos, Itália, Argentina, Singapura, Colômbia, Peru, Equador, Guatemala, República Dominicana e Venezuela, além de 134 especialistas brasileiros.
Três dias de ciência e inovação
A programação foi desenhada para oferecer conteúdo de ponta em cada um dos três dias, articulando debates clínicos, cirúrgicos, translacionais e de advocacy.
No dia 18, durante o São Paulo International Consensus on Minimally Invasive Pancreatic Surgery for Cancer, o destaque será a Session 4 – Implementation, Training, Cost Effectiveness & Artificial Intelligence. Este painel discutirá como a tecnologia e a inteligência artificial podem ser incorporadas à cirurgia pancreática, equilibrando inovação, custo e treinamento de equipes. Estarão presentes referências como Felipe José Fernández Coimbra, Wellington Andraus, Ugo Boggi, Melissa Hogg, Mariano Gimenez, Rohan Jeyarajah, Michael Kendrick, Francisco Tustumi, Adhemar Pacheco Jr, André Luís Montagnini e Alessandro Diniz.
O dia 19 marca a abertura oficial do simpósio Pancreatic Cancer Research, Education & Assistance Symposium, com foco no diagnóstico precoce e na assistência. Uma das mesas mais estratégicas da programação reunirá especialistas para discutir como detectar o câncer de pâncreas mais cedo e com maior precisão. O debate vai explorar fatores de risco e sintomas precoces, a incorporação de testes moleculares, inteligência artificial e imagem de alta resolução, além de inovações como Spyglass e ecoendoscopia. Serão apresentadas ainda propostas de rastreamento populacional, projetos nacionais para diagnóstico rápido, diretrizes para grupos de risco e novas perspectivas sobre síndromes hereditárias.
Entre as palestras confirmadas estão “Diagnóstico Precoce é Possível: Como Avaliação de Risco, Reconhecimento Precoce de Sintomas e Tecnologia Salvam Vidas”, apresentada por Maira Andrade Nacimbem Marzinotto; “Como a Imagem Está Ajudando a Detectar o Câncer de Pâncreas Mais Cedo”, ministrada por Suzan Goldman; e “Endoscopia Avançada no Século 21: Ecoendoscopia, Spyglass e o Futuro do Diagnóstico do Câncer do Pâncreas”, conduzida por Eloy Taglieri. Haverá também discussões sobre modelos de clínica integrada, com Dante Altenfelder, e os avanços da oncogenética de precisão, tema de José Cláudio Casali da Rocha.
Na mesma data, a mesa “Fronteiras em Lesões Císticas Pancreáticas” abordará condutas clínicas e cirúrgicas para diferentes tipos de cistos pancreáticos, desde IPMN até casos controversos, envolvendo especialistas como Igor Correia de Farias, André Montagnini e Silvio Torres. Em paralelo, o painel “Avanços em Tumores Neuroendócrinos Pancreáticos” reunirá nomes como Rodrigo Gomes Taboada, explorando estratégias diagnósticas e terapêuticas, além de cirurgias conservadoras e terapias ablativas endoscópicas.
O dia 20 será dedicado à pesquisa e ao tratamento multidisciplinar. A mesa “Pesquisa e Inovação” se apresenta como um dos pontos altos do Pancreas. Com a participação de Mariano Gimenez, Dirce Maria Carraro, Gabriela Kinker e Vilma Martins e a moderação de Alexandre Ferreira, Cássio Virgílio Cavalcante e Enilde Guerra, a sessão promete entregar as últimas novidades do conhecimento no assunto, com impacto real para a prática clínica e a pesquisa translacional. Serão debatidos temas como biomarcadores circulantes na prática clínica, tumoróides como nova fronteira terapêutica, cuidados perioperatórios em pancreatectomia total e avanços na imunologia do adenocarcinoma de pâncreas.
Ainda no último dia, a mesa “Terapia Sistêmica e Local” discutirá tratamentos combinados, radioterapia estereotáxica (SBRT), novas opções cirúrgicas para doença oligometastática, imunoterapia e drogas que têm como alvo mutações desafiadoras, como KRAS e TP53. Já a sessão “Avanços no Tratamento Cirúrgico” trará experiências sobre ressecções complexas, venosas e arteriais, cirurgias de resgate e complicações pós-pancreatectomia, incluindo a conferência de Ugo Boggi sobre Whipple robótica e a apresentação de Michael Kendrick sobre ressecções arteriais minimamente invasivas. O encerramento ficará a cargo da mesa “Atualidades e Fronteiras”, que abordará vacinas terapêuticas em tumores pancreáticos, avanços em pré-habilitação e suporte nutricional, terapias celulares emergentes e uma reflexão sobre as mudanças esperadas para os próximos cinco anos no tratamento da doença.
Julie Fleshman uma trajetória marcada pela defesa da causa
Um dos momentos mais aguardados do Pancreas 2025 será a presença de Julie Fleshman, presidenta e CEO da Pancreatic Cancer Action Network (PanCAN), referência mundial na defesa dos pacientes com câncer de pâncreas. Sua trajetória é profundamente pessoal. Em 1999, após perder o pai para o câncer de pâncreas apenas quatro meses após o diagnóstico, Fleshman decidiu transformar sua dor em ação. Ela ingressou como primeira funcionária da PanCAN e, ao longo de 25 anos, liderou a expansão da organização, que passou de uma pequena equipe para mais de 135 colaboradores, arrecadando US$ 37 milhões anuais e investindo mais de US$ 249 milhões em pesquisa. Sob sua gestão, a PanCAN contribuiu para um aumento de 1185% no financiamento federal norte-americano para pesquisas sobre a doença. Como focos principais, estão a defesa e programas para o diagnóstico precoce do câncer de pâncreas, a criação do Novembro Roxo, sobre awareness populacional, escores para entender o risco pessoal de desenvolver este tumor e o investimento em pesquisa clinica para o desenvolvimento e acesso a novos tratamentos.
Além disso, Fleshman é cofundadora e presidente da World Pancreatic Cancer Coalition, que reúne mais de 90 organizações de pacientes em 36 países. Reconhecida pela mídia internacional e convidada frequente em debates políticos em Washington, Fleshman será responsável por inspirar médicos, pesquisadores e pacientes em São Paulo com a palestra “Changing the Game: How Advocacy is Reshaping the Fight Against Pancreatic Cancer — The PanCAN Model”.
Panorama global do câncer de pâncreas
O câncer de pâncreas é uma das doenças mais letais da atualidade. De acordo com a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer da OMS (IARC/OMS), são diagnosticados anualmente 510 mil novos casos no mundo, com 467 mil mortes, configurando a sexta maior causa de mortalidade por câncer. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que 10.980 brasileiros receberão o diagnóstico em 2025. A maioria dos casos é descoberta em estágios avançados, quando as opções terapêuticas são limitadas. Entre os principais fatores de risco estão tabagismo, obesidade, pancreatite crônica, histórico familiar e idade superior a 60 anos.
Os sintomas iniciais costumam ser inespecíficos – dor abdominal ou lombar, perda de peso, icterícia, alterações digestivas e fadiga – o que dificulta a detecção precoce. Embora a cirurgia seja a principal chance de controle, apenas uma minoria dos pacientes é candidata ao procedimento no momento do diagnóstico. Isso reforça a importância de congressos como o Pancreas 2025, que buscam estimular estratégias de rastreamento, diagnóstico precoce e desenvolvimento de terapias inovadoras.
Inscrições e público-alvo
O Pancreas 2025 é destinado a profissionais de saúde envolvidos no cuidado interdisciplinar de pacientes com câncer de pâncreas: cirurgiões, oncologistas, gastroenterologistas, radiologistas, patologistas, geneticistas, nutricionistas e especialistas em cuidados paliativos, assim como pesquisadores, estudantes e gestores de saúde. As inscrições podem ser feitas pelo site oficial: cbchpb.com.br/site/pancreas2025/inscricoes.
Serviço
Evento: Pancreas 2025: Pancreatic Cancer Research, Education & Assistance Symposium
Data: 18 a 20 de setembro de 2025
Local: Centro de Convenções Rebouças - São Paulo/SP
https://cbchpb.com.br |
|
|
|