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Bett Brasil: qual o papel da Tecnologia na Educação?

05/05/2022
Bett Brasil: qual o papel da Tecnologia na Educação?

Especialistas avaliam a tecnologia educacional para o ensino, para a aprendizagem e para o futuro do trabalho

A edição de 2022 da Bett Brasil, maior evento sobre Educação, Tecnologia e Inovação da América Latina, que será realizado de 10 a 13 de maio, em São Paulo, terá como tema central “Cocriando a Educação do Futuro”, alicerçado e inspirado pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 4/Educação), parte da Agenda 2030 instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), e também por quatro eixos: Inclusão e Diversidade; Gestão Educacional; Competências Socioemocionais e Saúde, e Inovação e Cenários Futuros.

Boa parte do cenário que será apresentado no evento envolve a tecnologia educacional para a aprendizagem, para o ensino e, também, para o futuro do trabalho, como comentam alguns renomados especialistas e educadores que participarão do evento, entre eles Claudia Costin, Romero Tori, Anna Penido, Vera Cabra, Ademar Celedônio, Ana Paula Gaspar, Beia Carvalho, Alexandre Sayad e Adriana Martinelli.

Nos últimos dois anos, ficou evidente a necessidade de um debate urgente e aprofundado por parte de todos os entes envolvidos com o aprender, o reaprender e o ensinar. Se o país estava preparado, o abismo social deixou evidente que não. Ainda é preciso uma estratégia nacional que proporcione uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, com base em conhecimento científico, voltada para o mundo do trabalho e que inclua a tecnologia.

“Estamos todos conectados e podemos aprender uns com os outros”, é assim que resume o poder da tecnologia para a educação global Jim Knight, palestrante da Bett Show, realizada este ano em Londres (Ing) e que também estará na Bett Brasil. “O poder da tecnologia para conectar pessoas, criar o senso de comunidade, compartilhar aprendizados é realmente profundo. Tenho certeza de que o contexto diferente do Brasil faz com que haja coisas diferentes para se aprender do nosso contexto na Inglaterra - e vice-versa”, pondera Knight, ex-ministro britânico para escolas, digitalização e emprego.

O futuro, daqui a 5, 10 ou 15 anos, movimenta-se neste sentido de aprender com o outro. Caso do Metaverso, como explica Romero Tori: “Os metaversos são ambientes naturalmente gamificados, pois já oferecem avatar, feedback, protagonismo, contexto, narrativa e relacionamentos, além de possuírem ‘look and feel’ – olhar e sentir - de games e usarem a linguagem e a tecnologia dos jogos digitais. Não é difícil imaginar as possibilidades de utilização desse tipo de ambiente na educação”, indica Tori, membro do Conselho da Bett Brasil, Professor Associado da Escola Politécnica da USP, onde coordena o Interlab-Lab. de Tecnologias Interativas, e autor do livro “Educação sem Distância”.

Emprego, trabalho decente e empreendedorismo

O ODS 4, referente à Educação, estabelece que até 2030 será preciso aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais para emprego, trabalho decente e empreendedorismo.

Para Adriana Martinelli, Diretora de Conteúdo da Bett Brasil, a pandemia mostrou a necessidade de acesso à tecnologia para a aprendizagem e personalização para atender às demandas dos estudantes. “Para uma educação que pretender ser inclusiva, de qualidade e equitativa, não pode ser implementada sem a mediação da tecnologia para todos. O efetivo uso da tecnologia nos processos de aprendizagem exige acesso de qualidade para todos os estudantes, bem como a adequada intencionalidade pedagógica por parte dos educadores, que promova experiências criativas e autorais, de colaboração e pesquisa”, ressalta.

O "gap" entre a escola e o mundo do trabalho pode ser atenuado com as novas diretrizes tanto do Novo Ensino Médio quanto do Processo de Curricularização da Extensão no Ensino Superior. “Ambos aproximam o estudante da prática, da atuação real por projetos e na comunidade. O mundo do trabalho é totalmente imerso nas tecnologias e essas iniciativas farão com que os estudantes tenham experiências mais concretas e voltadas ao mundo contemporâneo”, completa a Diretora de Conteúdo da Bett Brasil.

Claudia Costin, diretora do Ceipe FGV (Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro), vai abordar em sua palestra no Congresso Bett Brasil justamente a “Agenda 2030 para a Educação”. A educadora argumenta que a tecnologia certamente terá um papel muito importante para realizar o que está estabelecido no ODS4.

“Como há profundas desigualdades educacionais entre países, dentro de cada país e dentro de cada escola, é importante que se olhe para como equilibrar as altas expectativas de aprendizagem para todos. A tecnologia pode ajudar as redes de ensino e cada escola a ter dados de aprendizagem tão importantes para que não se pratique em educação o negacionismo científico e que se possa trabalhar cada vez mais com base em evidências cientificas. E que o professor possa ser um pesquisador de como cada um de seus alunos aprende”, esclarece Costin.

A Diretora do Ceipe FGV fala também sobre a influência para o mercado de trabalho, assim como para preparar e formar o aluno para a vida, no sentido de conquista de autonomia e para o exercício da cidadania. “É triste constatar que só 20% dos alunos de ensino médio vão para a universidade, e só 11% para o ensino técnico e profissional. O novo Ensino Médio vai nos apoiar em olhar para a qualificação técnica, não só no itinerário formativo, específico do ensino profissional e técnico, mas também em outros itinerários com cursos mais curtos de qualificação profissional, cursos mais rápidos, como disciplinas eletivas. Ao aprender programação, por exemplo, o aluno também aprenderá a pensar, a processar o seu pensamento e se formar como um pensador autônomo, o que é vital tanto para o mundo do trabalho como para o exercício da cidadania. A tecnologia vai ter muito com o que contribuir na quarta revolução industrial e no novo mundo instável e desafiador para esses jovens que estão hoje na educação básica”, pontua Costin, que foi Diretora Global de Educação do Banco Mundial e secretária de Educação do município do Rio de Janeiro.

Futuro Desejáveis

Beia Carvalho e Alexandre Sayad, jornalista, escritor e educador, participam do evento no debate “Desenho de Futuro Desejáveis”. Beia destaca que não há como pensar em soluções para os problemas do século 21 sem que se considere a tecnologia. “Vivemos, nos divertimos, aprendemos, ensinamos, ajudamos, compramos, vendemos, lemos e meditamos junto com a tecnologia. Despender energia questionando o poder acelerador e democratizante das tecnologias é um total desperdício. Temos que colocar energia e tempo em pensar as estratégias para conteúdos e discussões relevantes para crianças e jovens que serão adultos no futuro”, avalia a especialista, primeira figura feminina a falar sobre Inovação no mercado brasileiro e fundadora do think tank 5 Years From Now®.

Sayad avalia a tecnologia como uma linguagem que pode produzir cultura. “O universo da educação tem que superar o uso da palavra ‘ferramenta’ e o adjetivo ‘novas’ quando se refere às tecnologias digitais, e compreender a tecnologia como uma maneira de se pensar o mundo, construir inteligência. Se virmos por essa ótica, ela pode servir como mais um lastro de se garantir equidade, justiça e qualidade na educação desde que seu acesso se torne universal - banda larga nas escolas - e qualitativo, feito com ética, criatividade e fluência”, defende Sayad, diretor da ZeitGeist e Co-Charman Internacional da Unesco Mil Alliance.

Diretora Executiva do Centro Lemann de Liderança para Equidade na Educação, Anna Penido observa que as tecnologias contribuem com a educação quando elas viabilizam a realização de algo que seria impossível sem todo esse aparato. Em relação à inclusão, Penido acredita que a tecnologia no ambiente educacional enriquece o processo de ensino e aprendizagem e permite que chegue de forma direcionada para cada estudante. “O uso da tecnologia passa pelo desafio de vencer as desigualdades, quando sabemos que ela é acessível a alguns grupos de estudantes, para algumas escolas, para algumas redes e não para outras. A tecnologia só será capaz de assegurar inclusão, equidade e qualidade se ela também estiver em primeiro lugar acessível, disponível com qualidade e propósito para todos”.

Penido será mediadora do painel “A Presença e Importância das Mulheres na Educação”. Neste sentido, adianta, as mulheres são maioria no mundo da educação, mas ainda há grandes desafios nos postos de tomada de decisão, e poucas estão nas startups de educação (Edtechs), nas empresas de educação e nas lideranças de estados, municípios e até no governo federal que, em últimas instâncias, são aqueles que de fato aprovam, homologam as políticas públicas. “Precisamos das mulheres nessas posições para a valorização da diversidade, de grupos historicamente excluídos e até pelo mérito de serem as mulheres que fazem o dia a dia da educação no “chão” das escolas, que sabem as reais necessidades e possibilidades dos estudantes”, pondera a diretora executiva do Centro Lemann.

Vera Cabral, Diretora de Educação, Desenvolvimento e Indústria para o Brasil e América Latina da Microsoft, acredita que com ferramentas que disponibilizam informações em tempo real sobre cada aluno é possível identificar as dificuldades e preparar materiais específicos para cada aluno. No que tange a empregabilidade, Vera avalia que parte do que se discute sobre o Novo Ensino Médio e seus itinerários formativos, os aplicativos disponíveis estão voltados para uma ‘linguagem’ que contribui também nos processos de preparar o aluno para o mundo do trabalho, focado em projeto de vida, formação tecnológica e qualificação. “Com o retorno às escolas, professores, gestores e, principalmente, os alunos não terão como retroceder no processo de mudança e de cultura que permeia essa nova educação. Não dá para voltar ao que era. Temos é que nos mover, pensar essa nova dinâmica de ensino-aprendizagem e buscar recursos a favor da aprendizagem”, explica a Diretora de Educação da Microsoft.

Para a especialista em tecnologias educacionais, Ana Paula Gaspar, a integração da tecnologia na educação precisa ter intencionalidade para alcançar equidade e qualidade. “É preciso desenhar políticas públicas de acesso que deem condições para que diferentes estudantes, professores e demais membros das comunidades escolares”, explica. “A tecnologia como recurso fundamental para a educação tem um papel claramente criador de oportunidades de emprego nas áreas de Tecnologia da Informação (TI), mas não somente nessa área. Estudantes que têm acesso às tecnologias ao longo de seus percursos acadêmicos podem ser inspirados e, melhor preparados, podem atuar em todas as áreas, até para nossa própria proteção e segurança”, completa Gaspar.

“A inclusão de tecnologias reflexivas e ética no processo pedagógico é o que estamos chamando de Educação 5.0, que considera que tudo está conectado: professor, aluno e tecnologia e, dentro deste conceito, consideramos as metodologias ativas, aprendizado colaborativo, foco na experiência e no processo, foco em como é ensinado e não apenas o que é ensinado”, diz o Prof. Ademar Celedônio, Diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação.

Segundo Celedônio, com a aceleração provocada pela pandemia para a tecnologia como parte do ensino, as escolas precisam criar soluções para que professores estejam devidamente treinados para usar ferramentas digitais de forma mais ativa e a seu favor, já que será cada vez mais difícil que o professor consiga competir com o smartphone. “Dando protagonismo, autonomia e cidadania aos alunos, a adoção de uma cultura digital nas escolas deverá incentivar mudanças comportamentais para que os alunos tenham melhor compreensão do mundo em que vivem. E, para o mercado de trabalho em constante transformação, espera-se que os novos profissionais saibam colocar em prática aquilo que aprendem e, por meio da tecnologia e das metodologias ativas, podemos desenvolver isso em nossos alunos já no ensino básico”, conclui o Diretor de Ensino e Inovações do SAS Plataforma de Educação.

Serviço:

Bett Brasil 2022
Data: 10 a 13 de maio de 2022
Horário: das 9 às 19 horas
Local/Endereço: Transamerica Expo Center - São Paulo/SP
Site Oficial: https://brasil.bettshow.com
 
 
 
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