Por: Gustavo Albuquerque
Fomos ao 12ª Congresso Brasileiro de Fertilizantes, também conhecido como Congresso da Anda, realizado no dia 02 de setembro, no WTC em São Paulo.
Com plenárias cheias, além de uma área de exposição para os patrocinadores, o evento contou com um expressivo público, dentre eles, várias llideranças do setor.
Conversamos com Eduardo de Souza Monteiro, presidente da Associação Nacional de Difusão de Adubos (ANDA) - organizadora do evento.
Confira a entrevista
Feiras do Brasil: Eduardo fale um sobre o Congresso Brasileiro de Fertilizantes, o Congresso da Anda, e a importância desse evento para o segmento?
Eduardo de Souza Monteiro - "O Congresso da Anda, ele é o principal evento da indústria brasileira de fertilizantes, onde nós temos a oportunidade de unir os principais participantes do mercado do aero da cadeia. Então, a gente tem aqui os misturadores de fertilizantes, a gente tem aqui os traders que fazem a ponte entre os misturadores locais e os produtores internacionais.
Nós temos os produtores internacionais e nós temos também participantes aqui de diversos membros dos elos da cadeia adjacente, como, por exemplo, o retail, revendas, cooperativas, empresas que comercializam grãos, asserialistas. Haja vista que o fertilizante hoje, no custo do agricultor, representa de 35% a 40% no total do custo. Então, é um insumo hoje que tem um protagonismo muito grande.
E, obviamente, que dado o caráter estratégico disso para o Brasil, é um evento hoje que se tornou, pela sua relevância comercial e pela relevância estratégica, um marco não só para a indústria brasileira de fertilizantes, mas também para o agronegócio brasileiro. Sem dúvida nenhuma, a gente inseriu com esse 12º Congresso da Anda os fertilizantes na agenda nacional do agronegócio. Aqui a gente tem presença de praticamente mil participantes no auditório ao vivo, a gente tem uma audiência online que o pessoal da assessoria vai confirmar para você, mas com vários países participando dessa audiência, porque o Brasil hoje é o quarto maior mercado consumidor de fertilizantes no mundo e isso acaba sendo relevante para que outros países acompanhem o que vem sendo discutido aqui.
E, dentro desse contexto aqui, a gente teve a chance de falar sobre tecnologia, agricultura regenerativa, inovação, pautas que estão dentro da nossa cadeia setorial e o fertilizante sempre sendo um protagonista importante. A gente também teve a chance de falar um pouco sobre perspectivas futuras, o pessoal da Embrapa apresentou um estudo de longo prazo que mostra um potencial crescimento de mercado com a conversão de áreas destinadas à pastagem que seriam convertidas em agricultura, integração agricultura, pecuária, floresta, sempre com apoio a pós-técnico do fertilizante. A gente também teve ao longo da tarde aqui diversos debates tratando das situações econômicas, situações geopolíticas, temas relevantes que impactam a agenda da indústria brasileira de fertilizantes, onde tivemos a chance de ouvir aqui de especialistas, perspectivas distintas sobre tamanho de mercado, sobre preço, que ajuda muito os participantes da indústria e o elo de toda a cadeia a ter uma visão do que se esperar agora e do que vai ser o futuro.
O grande tema que foi discutido aqui foi o atraso nas entregas de fertilizantes em função da questão da liberação de crédito, o crédito hoje no Brasil tem sido um gargalo, em função da questão atrelada às recuperações judiciais, aumentando o risco, obviamente que o setor também sofre pelo impacto de altas taxas de juros, e além disso, mais recentemente a gente percebeu o mercado financeiro se retraindo, o mercado financeiro não disponibilizando o volume de crédito que eles costumavam disponibilizar também por uma questão de gestão de risco. Isso gera pontos de intervenção importantes porque a gente vinha com uma perspectiva positiva, a gente trabalhava com uma safra record, quando você tem safra record, você tem também a necessidade de repor o nutriente que você extraiu do solo. Então a gente estava trabalhando com o cenário de entregas record, mas talvez pelos gargalos de preço, provavelmente aí o setor não terá essa mesma performance que a gente estava prevendo aqui, e na verdade fazendo uma correção, não a Anda e sim os consultores, a gente tem a palestra do Carlos Congo, onde isso ficou muito claro nesse sentido.
Essas questões mercadológicas podem ser impactadas por uma questão de crédito importante, mas tirando isso, obviamente que taxa de juros não ajuda a agricultura, mas os preços das commodities agrícolas não são os melhores da história, mas continuam no azul, a agricultura vai muito bem obrigado, essa é a vocação do Brasil, o Brasil é a meca da agricultura mundial, onde daqui saem novas tendências, novas tecnologias, e é um mercado ávido por novos produtos, e a gente discutiu também muito a questão de biossumo, biotecnologia como parte aqui da nossa cadeia de valores."
Feiras do Brasil: O Congresso da Anda é sempre São Paulo, a capital dos eventos, embora a gente saiba que o agronegócio é espalhado pelo Brasil. A importância de você trazer um público tão qualificado, a gente vê aqui CEOs, C-Levels de vários tipos, de vários segmentos da cadeia produtiva, e a possibilidade dessa conexão, dessa troca de ideias nesse network, é muito importante para o setor?
Eduardo de Souza Monteiro - "Sem dúvida, Gustavo, é uma chance única para a gente conectar pessoas, entender o que está acontecendo agora, discutir o que vai acontecer no futuro, e debater os problemas que a gente vem enfrentando e que a gente se defrontou ao longo dos últimos meses. É uma chance de prospectar relacionamento com nossos fornecedores, com nossos parceiros comerciais, com os nossos clientes, já vista que o nível de representatividade aqui, conforme você colocou, é bastante sênior. Mas eu me arrisco a dizer também que nós, participantes da indústria, e eu tenho uma função institucional como presidente da Anda, mas também sou executivo, sou Cultural Manager da Mosaic Fertilizantes aqui no Brasil.
Eu tenho que confessar a você que eu viajo 35 semanas do ano, das 52. E eu não faço isso como obrigação, faço isso como prazer, eu adoro fazer isso. Eu gosto de estar no campo, de estar respirando essa atmosfera, de estar pisando na lavoura, de estar conversando com o agricultor.
Essa é a essência desse mercado. Então, faz parte. E hoje, curiosamente, a gente está se reunindo aqui em São Paulo, como tradicionalmente a gente se reúne, trazendo esses stakeholders do interior para cá."
Feiras do Brasil: Um evento desse porte, quanto tempo de preparação? Quais os desafio de trazer todo esse nível de executivos aqui para São Paulo? E para 2026, vai ter novidade?
Eduardo de Souza Monteiro - "Olha, é um evento que demanda aqui aproximadamente seis meses de dedicação do time, créditos para o Ricardo Tortorella, que é nosso diretor executivo, que vem trabalhando na confecção da agenda, que vem trabalhando na elaboração aqui, de painéis que, de fato, reflitam o que a indústria gostaria de ouvir, que sejam relevantes para nós, enquanto participantes da indústria, para trazer uma certa atratividade. Também reunir aqui todos os stakeholders da indústria, não é tão simples assim. Então, são seis meses de trabalho lá.
Para o ano que vem, o que a gente promete é trazer novamente temas relevantes que fazem parte da agenda do agronegócio brasileiro. Definitivamente, o Fertilizantes faz parte disso, eu comentei com você no início. Nosso papel aqui é, humildemente, mostrar a nossa relevância e o nosso protagonismo no agronegócio brasileiro, não tirando nunca o protagonismo do agricultor, que é o verdadeiro herói do Brasil."
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* Gustavo Albuquerque é editor-chefe do portal Feiras do Brasil.
Engenheiro e jornalista, atua a quase 20 anos na geração de
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