Por: Gustavo Albuquerque
Confira a entrevista com Vera Masi, organizadora da Bijoias
Feiras do Brasil: Vera, conta um pouquinho o que é a Bijoias?
Vera Masi - "Bom, a Bijoias, ela é considerada a maior feira e a mais representativa do setor de bijuterias, acessórios, semijoias e jóias de prata da América Latina.
Ela existe há 34 anos, ela se deu super bem porque nós adaptamos, ela era uma feira de pedido, porque é uma feira profissional, mas como o mercado ele atua de outra forma, a Bijoias foi a primeira feira profissional a trabalhar com pronta entrega. Então aqui nós estamos fazendo os lançamentos da Primavera Verão, mas todos os clientes trazem a pronta entrega, então o lojista vem, compra, já leva, põe na vitrine, já vende, é tudo muito rápido, sabe? Que é exatamente o dinamismo de hoje em dia, apesar de que quando ela começou com pronta entrega, que acho que é questão de uns 18 anos atrás, nem se falava em pronta entrega, mas hoje ela atende perfeitamente o mercado por conta desse imediatismo que as pessoas têm. E a gente consegue atender por pronta entrega, porque é diferente de uma jóia de ouro, você consegue trazer o estoque, uma jóia de ouro não é possível."
Feiras do Brasil: E o seu público a nível Brasil, eu vejo muitos compradores vindo de fora, vindo pelo sotaque das pessoas, como é que é essa diversidade do público que te visita aqui?
Vera Masi - "Olha, a gente recebe, é engraçado, porque assim, cada edição da Bijoias são em datas diferentes, a gente faz ela em abril, em agosto, em novembro. Então, em cada feira você tem o público mais forte de uma determinada região. São Paulo Estado sempre predomina, porque São Paulo interior é muito forte, mas a gente também recebe compradores de toda a América Latina, vem muito comprador para cá, eles gostam da feira, às vezes você tem até compradores da África que vêm.
Então é assim, mas o foco realmente é o mercado aqui nacional, o Estado todo de São Paulo, Nordeste são os compradores, vamos dizer, com mais poder, mais auto atacado. Porque um comprador do Nordeste que desce para São Paulo, ele normalmente tem rede de lojas, porque a passagem é muito cara, a hospedagem, então para ele vir, ele tem que fazer uma compra que justifique essa viagem. Mas basicamente, a gente recebe muito público também de Minas Gerais, que Minas tem um público de moda muito legal.
Rio de Janeiro a gente tem recebido menos, é engraçado, eu até vi essa queda, eu analisei esse ano que a gente teve uma queda do Rio, não está acontecendo legal. Mas enfim, diante do Brasil todo, nessa edição tivemos 38% a mais de público, o que a gente esperava."
Feiras do Brasil: A expectativa de público, pelo que você me falou, já superou o que vocês estavam trabalhando, e volume de negócio, como é que estão?
Vera Masi - "Então, é assim, você sabe que esse primeiro semestre inteiro, até um mês atrás, o mercado estava parado, o varejo estava completamente parado.
Você sabe que a gente até pensou de mudar a data da feira, porque estava parado, parado. Nós tivemos duas edições que foram muito fracas, fevereiro e abril, mas por conta dessa paradeira de mercado. E aí agora, sei lá, começo de julho mais ou menos, a coisa começou a aquecer, aquecer, aquecer, aquecer, e aí explodiu a feira, foi uma coisa muito louca, não tem explicação.
E eu acho, hoje eu estava até falando para outro jornalista, que o Brasil tem uma economia própria, que não tem justificativa, porque antes tinha um motivo, por causa disso, por causa disso, e agora não tem, começa e termina, você nem sabe porque começou. Eu não consegui explicar porque que houve esse aquecimento, você vê, e nós tivemos uma super sorte, porque a Latam, que não tem nada a ver com a feira, ela lançou uma promoção de passagem e o Nordeste inteiro veio. Mas você veja como que a gente depende do negócio, né? Tem coisas que são o universo, né? Não é conspirando a favor, né? Não, mas foi exatamente assim, então a gente deve ter, eu imagino que os nossos negócios devem ter fechado em torno de 18 milhões, porque normalmente uma feira de agosto, ela é uma feira que ela, vamos dizer, ela se comporta em termos de 23, 24 milhões, mais ou menos, né? Mas como o público veio mais, mas também tá comprando menos, né? Porque você sabe, todo mundo, não, todo mundo tá comprando menos, se o cliente comprava 10 mil, ele tá comprando 5 mil, ele não quer mais ficar com estoque, ele não tem capital de giro, ele precisa comprar, vender e pagar, essa é a ordem, ele não, ele tem que girar, é tudo assim, então é meio desesperador, né? Porque às vezes é que eu acredito muito no trabalho, eu tô há 34 anos à frente da Brijóis, eu acredito muito, mas eu vou te falar, é desesperador, a gente teve 4 clientes que desistiram da feira, mas por outro lado, em cima da hora, com essa economia do Brasil que a gente não sabe como é que vira, 6 ficaram de fora, porque aí a gente ocupou os 4 lugares e vendeu mais, muito louco, sabe? Essa feira é muito, muito louco."
Feiras do Brasil: E uma mensagem final, assim, que você vislumbra agora, do balanço dessa feira e pra próxima?
Vera Masi - "Ah, eu acho assim, que o mercado virtual, ele realmente balançou muito, né? O mercado das feiras físicas como um todo, mas eu acho que não existe algo mais, uma experiência mais encantadora do que você visitar uma feira presencial. Nada substitui o contato humano. E eu acho ainda que quando a gente teve toda a história da pandemia, que a gente voltou, a gente ficou afastado um tempo, a gente até achava que tudo ia virar virtual, não achava? É engraçado, a gente até achava, porque você se adaptou, ficou, etc, só que hoje as pessoas, elas estão precisando de contato humano, você entende? Por isso que eu acho que as feiras foram vindo, vindo, vindo, e elas retomaram.
Porque imagina, um comprador, por exemplo, de atacado, ele não consegue pegar a internet e ficar vendo o que ele vai comprar, ele tem que vir aqui e olhar. Eu creio que o mercado virtual é uma coisa muito específica, você tem que olhar a peça. Não, isso aqui, como você vai comprar na internet, você tá olhando, e você compra, agora na internet, tem que ver, tem que experimentar.
E tem mais um detalhe, assim, nosso mercado de feiras, ele te dá a oportunidade de visualizar o mercado como um todo num plano, né? Inclusive fazer um market share de seu próprio segmento, né? Você entende? Então isso não tem preço, você precisa de falar com as pessoas, precisa ver o que tá acontecendo. Ver tendência, testar produto, ouvir, oportunidade de você aproximar com o seu cliente e escutar o feedback do mercado. Lógico, lógico.
Então eu acho que o mercado de feiras, pra mim, ele é assim, não é substituível, nunca foi, e eu continuo acreditando nisso, nunca foi, nunca será, tá"
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* Gustavo Albuquerque é editor-chefe do portal Feiras do Brasil.
Engenheiro e jornalista, atua a quase 20 anos na geração de
conteúdo e informações voltadas ao segmento de feiras
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